terça-feira, 22 de março de 2011

A interatividade vista como problema


Lévy, Pierre. Cibercultura. A interatividade vista como problema. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1999. Cap. 4, p. 77-83

Neste capítulo Lévy revela o problema proposto no título, somente no encerramento de seu raciocínio, quando expõe: “A interatividade assinala um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, concepção e avaliação dos modos de comunicação, do que uma característica atribuída a um sistema.”

Interatividade para o autor é: “ participação ativa do beneficiário de uma transação de informação”, ele descreve também que o receptor nunca será passivo, pois mesmo que esteja diante de uma televisão, calado, ele estará decodificando, interpretando, mobilizando seu sistema nervoso...

Como modelo de mídia interativa Lévy destaca o telefone, pois, por meio dele o diálogo é recíproco, além disso, dentre os itens que comporiam uma mídia interativa, na visão de Lévy, o telefone possibilita a telepresença, pois a voz está presente, não apenas o significado dela, mas ela, de forma real. Para o autor a interatividade é completa quando inclui: personalização da mensagem, reciprocidade, virtualidade, implicação da imagem e telepresença.

Lévy diz ainda que de certo modo a comunicação pelo mundo virtual é mais interativa do que a telefônica, por conta da representação da imagem. Ele destaca também que o telefone foi o primeiro a propiciar a telepresença, mas não é o único já que a tecnologia permitiu ao homem se comunicar por imagens tridimensionais dos corpos, por realidades virtuais e mesmo por videoconferências. Ele emparelha o avaço da interatividade a evolução das mídias que se tornam cada vez mais híbridas e mutantes, gerando várias formas, ou faces, de comunicação.

Em certo trecho conclusivo Lévy destaca “cada dispositivo de comunicação diz respeito a uma análise pormenorizada, que por sua vez remete à necessidade de uma teoria da comunicação renovada”.


Dilúvio

Dilúvio é a introdução do livro Cibercultura.

Ciberespaço- resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem.

Levy compara os que denunciavam a cibercultura com aqueles que denunciavam o rock dos anos 50 ou 60, ou mesmo com que denunciavam o cinema. Hoje as duas modalidades são tidas como expressão de arte, o que comprova que as inovações causam espanto e críticas.
Para o autor os benefícios e malefícios desta cibercultura estão intimamente ligados a quem a usa e sua capacidade de fazer isso para o bem, ou não, com base somente em seu censo crítico.

Este recurso do autor de não contestar benefícios ou malefícios segue no momento em que ele trata do comércio via internet, das páginas de vendas e classificados que se seguem a cada nova página aberta na virtualidade. Ele garante que o comércio virtual cresce de acordo com a evolução do próprio ciberespaço.

O autor faz paráfrase com Albert Einstein: três bombas explodiram no século XX: 1 – a bomba demográfica; 2 – a bomba atômica; 3 – a bomba das telecomunicações. A essa terceira bomba Roy Ascott definiu como um segundo dilúvio. Desta analogia ao dilúvio de Noé, Lévy realiza o paralelo com o dilúvio da informação da cibercultura.

O autor

Pierre Lévy nasceu em 1956, na Tunísia. Por estudar as relações da internet e a sociedade recebeu o rótulo de filósofo da informação. Fez mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação, na Universidade de Sorbonne, França. No seu livro “Cibernética” (1999) trata da Cibercultura em sua ótica totalmente otimista..